xitizap # 32 |
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boutades hidrotécnicas,
e mais uma estória mal contada ... |
O Ministro da Energia causou enorme espanto entre os jornalistas quando, no intervalo de mais um faustoso workshop, afirmou que a quantidade de água na albufeira de Cahora Bassa nada tinha a ver com a produção de hidro-electricidade da HCB.
Mal refeitos da ministerial boutade, e ainda às voltas com o combustível que alimentaria tal central – seria ar, seria diesel, seria jatropha, seria tracção animal? – os jornalistas foram então mimoseados com uma outra petite-histoire.
Segundo contou o ministro, eu, José Lopes, ter-me-ia recusado a colaborar com ele quando há 2 anos me convidou para o efeito.
Como é óbvio, não comento as boutades hidrotécnicas do ministro. Contudo, não posso deixar em branco a mentira que ele a meu respeito propalou.
uma estória mal contada
Por princípio, não mediatizo conversas profissionais. Aliás, estou bastante habituado a resolver as questões discreta e civilizadamente – seja qual for a intensidade dos diferendos. Foi assim nas polémicas que mantive com o Governo (1998) a propósito d avaliação de um programa World Bank, e também foi assim aquando da disputa com a EDM (posteriormente resolvida pelo então Primeiro-Ministro) relativamente às condições técnicas da transmissão 110 kV Infulene-Inhambane.
E tudo tenderia a continuar assim, não fora o caso de esta Excelência ter mentido a meu respeito a propósito de uma suposta recusa minha em colaborar com ele, e com o seu Governo.
E é só por isso que segue a minha versão destes factos:
O ano era o de 2005, o mês era o de Fevereiro, e o dia era o dia segundo do novo governo de Moçambique, quando, manhã muito cedo, um amigo me telefona pedindo-me para que contactasse com urgência o novo Ministro da Energia via certo telefone celular. O contacto viria a ser feito por volta do meio-dia, aquando do intervalo da primeira sessão do novo Conselho de Ministros e, dada a urgência com que ele me colocava o assunto, aceitei encontrar-me com o novo Ministro nessa mesma tarde no Hotel VIP.
E foi precisamente às seis da tarde que se deu o nosso primeiro e ainda hoje único encontro - no bar do Hotel VIP; eu bebericando um scotch sodado, o Ministro saboreando uma água tónica já que, segundo ele, outros trabalhos políticos o aguardavam.
No essencial, o Ministro perguntou-me se eu estaria disposto a colaborar com ele, ao que lhe respondi: “Naturalmente, Senhor Ministro!”
Nesta conversa, nada de específico foi abordado quanto aos termos da eventual colaboração e, em termos gerais, o Ministro referiu-me a necessidade de “fazer a diferença” no desenvolvimento energético e no combate à pobreza num País que ambos reconhecemos ser infinitamente rico em recursos - incluindo os hidroeléctricos que, em sua opinião, deveriam passar a respeitar os necessários parâmetros ecológicos.
Na ocasião, confessei-lhe a minha surpresa relativamente a dois novos factos governamentais: (1) o fraccionamento da tutela dos Recursos Minerais e Energia, coisa que me parecia retirar agilidade e massa crítica ao sector, e (2) a nomeação de um dirigente, ele, que, oriundo do sector do comércio externo, não parecia encaixar no sector energético. Relativamente a este aspecto, admiti-lhe ainda que só o poderia compreender caso ao novo Ministério da Energia estivesse reservado o papel de propulsionador das novas e exigentes transacções energéticas (hidroelectricidade, Cahora Bassa, Gás natural, Petróleo, etc) que então se perfilavam no horizonte – e daí a possível relevância da experiência do ministro em comércio externo; o ministro concordou quanto à questão “transacções” e, na altura, revelou-me ser exactamente essa a visão do Presidente da República.
Entretanto, e ao sabor de mais duas ou três notas de circunstância, o então novo Ministro manifestou-me a sua aguda preocupação pelo facto de o seu Ministério estar sobrepovoado por técnicos que, ao invés de promoverem integração e eficácia, tendiam a isolar-se na multitude de pequenos projectos individuais – referiu-me até a existência de mais de 40 técnicos (sem contar com consultores e assessores) só no aparelho de Estado (Maputo), dos quais mais de 19 com qualificações universitárias.
Na ocasião, o Ministro referiu-me que, devido a trabalhos políticos que se lhe impunham em Marromeu, ele voltaria a contactar-me para acertarmos agulhas, razão pela qual trocámos números de telefone e endereços de e-mail.
No final deste cortês encontro de 40 minutos, o Ministro teve a amabilidade de pagar a conta do bar, após o que nos despedimos com efusivo respeito.
Mais de 40 dias depois deste primeiro e único encontro, e na ausência de qualquer contacto por parte do excelentíssimo ministro, enviei-lhe um e-mail referindo que, não sendo eu um funcionário público, se me impunham responsabilidades profissionais e materiais incoadunáveis com esperas mal-resolvidas. Em linha com a sua educação, o Ministro não respondeu ao e-mail e, como é natural, segui à minha vida.
Não é portanto verdade que, como agora apregoa o Ministro da Energia, eu me tenha recusado a colaborar com ele, ou com o seu governo. Aliás, se ele se der ao trabalho de ler as várias edições xitizap, poderá constatar que não tenho feito outra coisa senão apresentar propostas para os vários grandes problemas que o sector energético enfrenta em Moçambique.
josé lopes abril 2007
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PEREGRINATIO AD CAHORA BASSA
Esta é a ditosa barragem minha amada. Não. Nem é ditosa, porque o não merece. Nem minha amada, porque é só madrasta. Nem barragem minha, porque eu não mereço a pouca sorte de nascido nela.
Nada me prende ou liga a uma baixeza tanta quanto esse arroto de passadas glórias. Amigos meus mais caros tenho nela, saudosamente nela, mas amigos são por serem meus amigos, e mais nada.
Torpe dejecto do capital império; babugem de invasões; salsugem porca de esgoto índico; irrisória face de lama, de cobiça, e de vileza, de mesquinhez, de fátua ignorância; barragem de escravos, cu pró ar ouvindo ranger no nevoeiro a nau do Encoberto; barragem de funcionários e de penduras, devotos todos do milagre, castos nas horas vagas de doença oculta; barragem de heróis a peso de ouro e sangue, e santos com balcão de secos e molhados no fundo da virtude; barragem triste à luz do sol caiada, arrebicada, pulha, cheia de afáveis para os estrangeiros que deixam moedas e transportam pulgas; barragem-monumento em que o povo assina na merda o seu anonimato; barragem de poetas tão sentimentais que o cheiro de um sovaco os põe em transe; barragem de pedras esburgadas, secas como esses sentimentos de cinco séculos de roubos e patrões, barões ou condes; ó barragem de ninguém, ninguém, ninguém:
Eu te pertenço. És cabra, és badalhoca, és mais que cachorra pelo cio, és peste e fome e guerra e dor de coração. eu te pertenço: mas seres minha, não.
adaptação livre do poema “A PORTUGAL”
de Jorge de Sena
(engenheiro civil)
In
Tempo de Peregrinatio ad loca infecta
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Announcements - 25 April 2007
Mining commences and 60% resource base upgrade at Moma Titanium Minerals Mine, Mozambique. Mining and heavy mineral concentrate production has started at Kenmare’s Moma Titanium Minerals Mine in northern Mozambique, which contains one of the largest deposits of titanium-bearing mineral sands in the world.
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Titanopoly |