Agosto 2003 foi mês grande para a Mozal
No dia 20 a alumineira concluíu a expansão Fase II - rumo às 506 000 toneladas de alumínio vendível. E não só o fez com 7 meses de antecedência, como ainda poupou perto de 200 milhões USD (20% do budget alocado) - o que é notável.
Talvez por isso seja estranho que esta epopeia industrialista pouca atenção tenha merecido por parte dos media - 2 ou 3 pequenas e enxutas referencias. E zero fotos, ao contrário da nova lixeira da Mozal que mereceu ampla cobertura mediática local - a 28, 29 e 30 Agosto.
Como é óbvio, esta campanha de marketing traduz as prioridades que localmente se colocam à alumineira, e, na circunstância, tratava-se de imprimir solene visibilidade à alienação de cruciais responsabilidades ambientais da Mozal – a (des)favor do Estado de Moçambique.
Só assim se poderá perceber o invulgar ênfase mediático dado ao novo papel do MICOA (Ministério da Coordenação Ambiental) como gestor da lixeira da Mozal.
Ora, vindo de quem vem, esta opção em privilegiar dejectos - em detrimento das novas 253 000 toneladas de alumínio vendível -, não será certamente inocente ... e muito menos um erro da BHP Billiton/Mozal.
Infelizmente, pouco ou mesmo nada foi dito quanto às razões que terão levado o MICOA (Governo) a comprometer o Estado de Moçambique com as responsabilidades que a Mozal entendeu alienar.
E, quando sistematicamente se sugere que a lixeira de Mavoco poderá vir a servir outras indústrias locais, importa aqui apontar um certo vício da alegação. Isto porque durante os próximos 10 anos (pelo menos) a Mozal será praticamente o utilizador exclusivo de Mavoco (ou com mais de 96% das descargas) - a menos que ressurja o tráfico internacional de lixos perigosos.
Por outro lado, importa perceber melhor por que razão terá a Mozal aberto mão desta área dos seus negócios a (des)favor de um Estado, cujo Governo não tem - nem tem que ter - especiais competências e responsabilidades na gestão do perigoso SPL.
Porque razão não é a Mozal que contrata directamente com o operador privado a gestão dos seus perigosos lixos? Ou seja, as seguintes toneladas anuais de dejectos:
5 451 class G + 4 436 class H:h + 11 540 class H:H
E o que é que um Estado anda a fazer nestas piscinas de Flúor ?
Será que, afinal, o mercado só tem benesses para um lado ? E que a IFC (Banco Mundial) aposta na estatização dos mercados que, pela sua natureza merdosa, não interessam aos imperiais investidores ?
incidentalmente, o marketing Mozal em Agosto enfermou de uma outra perturbante deficiência – particularmente ao nível da informação prestada ao público.
Isto porque ao longo de mais de 20 000 palavras de imprensa, nem uma delas é dedicada à questão mais relevante de Mavoco - o SPL (Spent Pot Lining), sua natureza, periculosidade, e probabilidades de contaminação.
Por outro lado, seria igualmente interessante que a Mozal desse a conhecer que alternativas ZERO HARM buscou para a sua questão SPL, à semelhança das suas modernas congéneres noutros países, incluindo RSA.
Mas mais inquietante será talvez o facto de, uma vez mais, a Mozal e o MICOA se esquivarem a prestar garantias firmes quanto à não contaminação de águas na bacia do Rio Movene - um rio que também dá de beber a Maputo, e que pode vir a servir ricas áreas agrícolas.
E já agora ... em caso de futuros problemas de contaminação SPL (3 toques em madeira)
Mavoco apresenta queixa contra quem ? Contra a Mozal ou contra o Estado de Moçambique ?
josé lopes
maputo, setembro 2003 |
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