xitizap # 29

Presente de Natal

Eclipse em Mpanda Nkua

HCB - o dia seguinte

to brake, or not to brake ?

o factor CVRD

soltas

 

 

o carvão de Moatize e o factor CVRD

 

 

 

se as governações de Moçambique e CVRD se entenderem,

Moatize será em breve catapultada para as grandes rotas do comércio mundial de carvão, sobretudo metalúrgico.

 

De facto, com reservas estimadas em cerca de 2.4 biliões de toneladas, em caso de avanço do mega-investimento CVRD, Moatize produzirá mais de 20 milhões de toneladas anuais r.o.m (run-of-mine), das quais 10 a 12 MTPA de carvão metalúrgico para exportação.

 

Em termos sumários, isto significa que, para além de exportações genuinamente moçambicanas superiores a 1.4 biliões USD por ano (preços correntes), o projecto CVRD terá um impacto socio-económico cujo valor acrescentado fará os lingotes da Mozal mais parecerem missangas.

 

Contudo, por muito impressionantes que sejam estes números, eles apenas revelam parte da maior e melhor rede de bacias carboníferas não-exploradas do Mundo – as de Tete. Na verdade, a geologia corrente diz-nos que, para além destes campos de Moatize-Estima agora sob enfoque CVRD, um punhado de quilómetros a oeste se estendem os depósitos de Mucanha-Vuzi (reservas > 3 biliões de toneladas) e de Senagoe (reservas > 1 bilião de toneladas). Curiosamente, cada um em sua margem do lago Cahora Bassa.

 

Entretanto, e considerando a sofreguidão que atravessa os mercados, é mais que provável que, a curto prazo, outros grandes investidores (da Índia e China p.e.) se juntem à CVRD na corrida ao carvão de Tete. O que, pura e simplesmente, significa duplicar os já de si gigantescos números CVRD.

 

São pois imensos os desafios que se colocam em Moçambique.

 

Entre outros, ao nível do escoar estes gigantescos volumes.

Um desafio que, no caso, equivale a passar do actual 0.3 milhão de tonelada (Beira + Nacala) para 15 ou 20 Milhões em menos de 10 anos. Um empolgante caso de engenharia, sem dúvida, mas sobretudo um desafio quântico ao nível da gestão ferro-portuária – incluindo a das concessões.

 

Felizmente, tudo indica que não faltam rotas para acomodar toda a gente.

 

Num outro contexto, e puxando agora algum carvão à sardinha eléctrica, ocorre-me a oportunidade de enfatizar um outro factor CVRD.

 

É que, devido à natureza dos depósitos, exportar milhões de toneladas de carvão coqueificável (coking coal) implica produzir enormes volumes de carvão térmico em Moatize – um tipo de carvão que terá notórias dificuldades em penetrar as rotas do comércio internacional.

 

E porque nem Moçambique nem a CVRD se podem dar ao luxo de condenar este carvão térmico à inutilidade, grande parte dele terá que ser utilizado localmente.

 

Não havendo opções, caso o projecto CVRD avance há que queimá-lo numa mega Central Térmica em Moatize ( 2 ou 3 x 500 MWe) - um caso típico de serviço eléctrico induzido que notoriamente destoa do frequentemente apregoado apriorismo da precedência eléctrica desancorada.

E, incidentalmente, uma perturbação ambiental que eu suporto infinitamente melhor que a extemporaneidade de uma barragem em Mphanda Nkuwa.

 

Mas, que fazer a tanta electricidade?

 

Apesar de ainda não o ter revelado, a CVRD sabe, tal como nós todos, que a viabilidade dessa Central Moatize terá que passar, inevitavelmente, por alguma indústria de energia-intensiva na zona - ou seja, um ou dois smelters.

 

E embora se perceba, quer a lógica ferroalloy CVRD, quer as sinergias verticais que os suportes de bauxite/alumina CVRD (Paragominas, Amazonas, Alunorte) potenciam numa electricamente competitiva Moatize, não deixei de me inquietar quanto ao timing ideal da sequência Moatize quando recentemente soube do imprevisto takeover da INCO pela CVRD (USD 19.4 biliões).

 

Uma boa jogada níquel por parte da CVRD, sem dúvida, mas uma jogada que também me suscita algumas reservas quanto à capacidade CVRD em mobilizar fundos adicionais a curto prazo. Fundos que, por exemplo, permitam fazer 500,000 toneladas de alumínio no Centro-Norte de Moçambique nos próximos 4 ou 5 anos.

 

Em particular porque, como informa a Fitch Ratings, quaisquer biliões extra agravarão ainda mais o leverage ratio da CVRD - uma alavancagem que, de 0.7 em Setembro 2006 (dívida total versus EBITDA) saltará para 2 (combined proforma basis) em resultado deste takeover INCO.

 

Contudo, e embora haja que estar atento ao cronograma dos fluxos CVRD/Moatize, importa notar que, para além de especialistas em parcerias, nomeadamente orientais, esta malta dos biliões USD sabe muito de ma$$as. Em particular da arte de ganhar dimensão creditícia, via fusões por exemplo, como poderá ser o caso CVRD / Xstrata se a CVRD fizer o spinoff da sua carteira de metais.

 

Mas, seja como vier a ser, o que parece incontornável é o facto de se estar em presença de uma reacção em cadeia cujo controle sanitário implica investir em consumo para a Central Térmica de Moatize.

 

De momento, não sei se será via alumínio, se via ferroalloys, ou se via qualquer outra âncora de energia-intensiva. Sei apenas que, embora relativamente marginal neste negócio, os eventuais excedentes eléctricos poderão encontrar algum lugar no STEM via capacidades ociosas das actuais linhas HCB.

 

Incidentalmente, estes cenários implicarão um grande teste à actual Lei de Electricidade em Moçambique, nomeadamente no âmbito do acesso e partilha de infra-estruturas eléctricas e, muito em particular, na clarificação do papel do sector privado como parceiro investidor e respectivo regime de deveres e incentivos.

 

En passant, tais cenários permitirão ainda contribuir para que se supere o actual conceito de planeamento eléctrico como infindável e desajustada lista-de-desejos Power Point, remetendo-se as mãos à terra via programação realista dos recursos – humanos e materiais.

 

 

josé lopes

 

no solar de Monsieur La Palisse

dezembro 2006

 

 

 

Após ter ganho os direitos de exploração em 2004 (USD 122.8 milhões), em Novembro de 2006 a CVRD (Companhia Vale do Rio Doce) apresentou ao governo de Moçambique o primeiro conjunto de estudos de viabilidade técnica e financeira do projecto de carvão de Moatize e da central térmica de Moatize. Conduzidos ao longo dos últimos 24 meses, e a um custo CVRD na ordem de $ 80 milhões, os estudos agora apresentados cingem-se a matérias informativas que, após análise por parte do governo de Moçambique (Fevereiro 2007), serão complementados por relatórios finais que permitirão uma decisãol em meados de 2007.

 

 

actualmente, a  Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) é o maior gupo mundial minerando Ferro e, em Moatize, pela primeira vez se lança ao carvão.

 

a golden share do Brasil   … na CVRD

As ações preferenciais de classe especial, Golden Shares, devem ser obrigatoriamente de titularidade da União Federal.

O detentor das ações preferenciais de classe especial tem os mesmos direitos (incluindo àqueles relativos a voto e preferências de dividendo) dos detentores de ações preferenciais Classe A.

Adicionalmente, o detentor das ações preferenciais de classe especial tem o direito de vetar quaisquer propostas com relação aos seguintes assuntos:

1. alteração de nossa denominação social;
2. mudança de nossa sede social;
3. mudança do nosso objeto social relativamente à exploração de jazidas minerais;
4. liquidação de nossa companhia;
5. qualquer alienação ou encerramento das atividades de uma ou mais das seguintes etapas dos sistemas integrados de nossa exploração de minério
de ferro:

· jazidas minerais, depósitos de minério, minas

· ferrovias

· portos e terminais marítimos

6. qualquer modificação dos direitos atribuídos às espécies e classes das ações de nossa emissão;
7. qualquer modificação de quaisquer dos direitos atribuídos por nosso Estatuto Social à ação preferencial de classe especial.

Text Box: Moatize
Text Box: Moatize

 

 

CHINAMAX

 

 

Na China, 3 ou 5 dólares US por tonelada de frete podem fazer a diferença no mercado do Ferro. Foi pelo menos o que a CVRD entendeu quando analisou a competição com o segundo e terceiro fornecedores concorrentes – todos da Austrália, nomeadamente BHP Billiton Ltd e Rio Tinto plc.

 

Na procura de uma situação mais estável, “e não como a actual em que de um preço US$15/t se passou para o actual US$35/t” a CVRD decidiu avançar com a contratação de 10 navios-cargueiros de 300,000 toneladas cada um  - tipo CHINAMAX, na gíria deles.

 

 

que especiarias

levarão estes navios CHINAMAX na volta ao Brasil?

 

Text Box: Moatize