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xitizap # 21 outubro 2005 |
EDM: o mistério dos electrões desaparecidos
ou, o lado escondido das perdas
Dezassete milhões de dólares americanos por ano – sim, 17 milhões USD por ano - é quanto, em média, a EDM se dá ao luxo de não cobrar pela electricidade que em Moçambique distribui. Por pura e simples negligência.
Mais grave ainda é o facto de este calamitoso cenário de gestão ser recorrente dado que, só no triénio 2001/3, e pelas mesmas razões, a EDM (Electricidade de Moçambique) já havia prescindido de cobrar cerca de 50 milhões USD . Entretanto, e atendendo à conhecida ineficácia da empresa na recuperação de créditos muito mal-parados, muito em breve estes valores corresponderão a perdas efectivas - e facilmente ultrapassarão os 75 milhões USD no quinquénio 2001/2005. O que equivale a 30% do investimento em electrificação que Moçambique fez neste milénio.
Curiosamente, este bizarro cenário EDM pode ser contemplado nas estatísticas 2001/3 candidamente publicadas pela própria empresa (check www.edm.co.mz e/ou Estatísticas de Energia em www.kpmg.co.mz) :
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Estranhamente, ou talvez não, o problema não é novo.
Na verdade, a questão já havia sido cristalinamente colocada à actual administração EDM em 1995/6, aquando de um estudo tarifário efectuado pelo Banco Mundial. Neste estudo (em que tive o prazer de colaborar) recomendava-se à EDM a adopção de uma estratégia de redução de perdas não-técnicas como o meio mais imediato para a melhoria de gestão financeira da empresa.
Na altura, a EDM parecia ter compreendido a natureza e magnitude da questão. Tanto assim, que conseguiu obter fundos NORAD para lançar um milionário programa que, para além da criação de uma Nova Imagem (marketing), visava a rápida redução das perdas não-técnicas.
Ao mesmo tempo, e dada a gravidade do problema, o Governo, através de Contratos-Programa plurianuais, negociou com a EDM (empresa pública) um conjunto de metas visando a redução dessas perdas por ineficiência.
Infelizmente, e apesar de um período de inicial recuperação, não só a EDM passou a desrespeitar tais contratos-programa, como ainda por cima se regista um agravamento dessas perdas - e de outros fundamentais valores empresariais.
E já agora, muito en passant, recorde-se que nunca foram publicadas quaisquer contas auditadas da EDM.
josé lopes
numa mega fila de reclamações outubro 2005
outras curiosidades estatísticas do deixa-perder EDM
· as perdas por ineficiência EDM superam a quantidade de electricidade que a empresa exporta para o mercado regional de curta-duração (STEM). · · os valores das perdas por ineficiência EDM equivalem a um “subsídio” de cerca de 100 kWh/mês a cada um dos 220,000 consumidores. Como nenhum consumidor ainda deu pelo subsídio, estes electrões devem andar concentrados em algumas grandes bolsas de consumo. · · num outro contexto, a EDM pretende que se acredite nos números que ela diz gastar em consumos próprios e auxiliares. Pessoalmente, tenho a maior dificuldade em acreditar que uma empresa que produz menos de 270 GWh/ano ( menos de 15% da energia total que movimenta), consiga consumir o equivalente à produção de uma central de 13 MW em funcionamento contínuo. Assim, e à semelhança dos anteriores “subsídios” virtuais, estes mega-consumos próprios também devem andar escondidos nos mesmos sítios. |
outubro 2005 |